Carvalho

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Auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) descobriu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se apropriou indevidamente de pelo menos 111 presentes recebidos de autoridades estrangeiras durante seu mandato. Outros 17 presentes, segundo a área técnica do tribunal, são de "elevado valor comercial" e também deveriam ter sido incorporados ao Patrimônio da União.

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submitted 1 year ago* (last edited 1 year ago) by [email protected] to c/[email protected]
 

Vamos lá! Trabalhei um tempo em uma delegacia especializada em crimes patrimoniais e compartilho com vocês um dos crimes de estelionato mais comuns que via lá: o famoso Golpe da OLX. Apesar do nome, este golpe acontece em diversas plataformas, como Facebook (feiras do rolo), por exemplo.

O esquema é tão simples que assusta: o golpista utiliza basicamente dois intermediários (vítimas), sendo um vendedor de um veículo real e outro o comprador, que será a vítima com a perda financeira. O golpista simula uma venda/compra entre os dois e leva o dinheiro de transferência do negócio no final.

Vamos lá. O golpista entra em contato com um vendedor de um veículo (geralmente não muito alto - atenção a isso) e inicia uma negociação para compra (geralmente à vista), que desperta muito interesse no vendedor. Logo, ele pede que o vendedor retire o veículo do anúncio. Feito isso, o golpista já possui fotos e detalhes de venda do veículo, obtidas na conversa de compra. Inicia-se o processo com o larápio anunciando o veículo por um preço bem mais abaixo do pedido e da média do mercado (é aqui que as vítimas caem; o preço é muito atrativo e gera aceleração na compra pelo preço de oportunidade). Importante: o golpista anuncia na mesma cidade do verdadeiro vendedor (atenção a isso).

A vítima entra em contato com o vendedor e pede detalhes do veículo. O golpista tem essas informações. Assim o mesmo se interessa mais ainda e pede para ver o veículo pessoalmente (normal até aí né) e o golpista começa a agir intermediando a venda entre as vítimas. Para o vendedor, ele fala que é um conhecido que irá verificar o veículo antes de compra, para o comprador (vítima), fala que o veículo está com um parente/amigo que está devendo um dinheiro para ele e que está dando o veículo como pagamento desta dívida. Aqui está o detalhe: o golpista usa desta situação para pedir que as partes não se conversem de detalhes entre si, assim elas sustam a possibilidade de descobrirem o golpe conversando entre si. Em algumas situações, o golpista pede para o vendedor dizer que é parente do mesmo se a vítima perguntar (aqui a possibilidade do veículo do vendedor ser apreendido na delegacia é grande, pois isso é um fator que pode ser considerado parte do golpe).

Nisso, o veículo é visto e a vítima volta para casa satisfeita com o que viu. Aí que a coisa esquenta. O golpista ajeita a ida destes para o cartório para a finalização do "negócio". O golpista usa da mesma estratégia da não conversa entre os mesmos no cartório e aí o vendedor está com a promessa do pagamento à vista na assinatura do documento de transferência e o comprador com os dados da conta para fazer o pagamento na hora, ambos tratando com o golpista pelo WhatsApp. Feita a assinatura, a caminho do reconhecimento de firma, o comprador faz a transferência (TED/DOC/PIX) para a conta do golpista. Pronto. Golpe concretizado. O golpista sai de cena bloqueando ambos e aí a coisa vai parar na delegacia, porque o vendedor fica esperando o pagamento que o comprador fez para o golpista. Aí ambos começam a conversar, se questionando sobre a conclusão da negociação que se interrompeu.

Importante: em regra, o golpe ocorre mais ou menos desta forma, com algumas mudanças de acordo com o contexto do local e o comportamento das pessoas. Muito cuidado ao negociar e seja muito detalhista no procedimento de compra. Não faça nada por impulso, pois há muito dinheiro em jogo. Espero ter te ajudado um pouco.

O golpe tá aí. Cai quem quer.

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